Como se não soubéssemos que tudo acaba em pizza

E a farra continua à solta no país. Quando algo saí errado, o povo e mesmo as classes média e média alta socializam a dívida. Quando, mesmo com a incompetência e inoperância do Estado e de algumas empresas, saí certo, alguns poucos colhem os frutos. O atual governo é ainda melhor do que seus antecessores em maquear a política de pão e circo. E, mesmo sem a figura carismática do antigo líder, consegue apagar os incêndios provocados por seus companheiros.

Traço um cenário brasileiro para a Copa. Se por um milagre você paulistano conseguir vôo par assitir a abertura em algum outro destino (isso por que os vereadores em São Paulo parecem estar recuperando o bom senso, só faz sentido isentar tantos impostos se for para ter a abertura da Copa), terá que contar com a sorte de existir transporte público em tal local.

E você deve ir no horário do jogo, por que se depender do sistema hoteleiro...

Mas aí, com algum espírito esportivo, você supera a longa espera no aeroporto, fica na casa de alguém conhecido que te dá carona e então só falta o ingresso. Esse vai faltar mesmo. Boa parte são adquiridos por empresas e cedidos para convidados. Boa parte é transferida para cambistas. Sem contar que você poderá adquirir pela Internet. Claro, você, um sujeito precavido, que já garantiu a carona e a hospedagem, adquiriu o seu pela Internet!

Daí, você e seu amigo hospitaleiro se dirigem ao estádio, pagam um absurdo para estacionar, mas com um ar vitorioso e de satisfação chegam a o portão do estádio. Adentram aquela atmosfera que lembra uma arena romana. E quando vão passar os bilhetes... descobrem que os ingressos são falsos, tão falsos quanto as medidas do governo.

Pronto. Agora você conseguiu ser roubado de todas as formas possíveis. Foi roubado quando o dinheiro dos impostos do estádio deixou de ser redirecionado para benfeitorias, foi roubado no preço da passagem ou da corrida até o aeroporto de partida, achou barato o valor da passagem e da taxa de embarque mas dscobriu que o vôo era um lixo, isso se não fizesse várias escalas e não demorasse uma eternidade no check-in, uma das suas malas foi extraviada, quase acabou preso por que estava com ingresso falso.

Agora, com o jeitinho brasileiro de sempre, você convida seu amigo, e tudo termina em pizza.

Em tempo. Sinceramente, a FIFA que se exploda. Não quer a Copa aqui por que não aceitamos a palhaçada e a roubalheira propostas? Ótimo, saiam fora. Temos outras prioridades. A FIFA é quem devia ser banida do futebol mundial, não é possível que não haja outra forma para se selecionar cedes e organizar os eventos. Não aguento mais o Robinho de titular por causa de patrocinador (esse recado é para a CBF, que virou a marca internacional de empresários como Wagner Ribeiro e cia, que se apropriaram do futebol brasileiro). A lei deveria proteger mais os clubes formadores, se antes o jogador ficava na mão do clube que detinha o passe, hoje o esporte fica na mão dos empresários. A mídia que suporta essa palhaçada diz que a seleção que aí está é a que a torcida pediu. Não vi ninguém pedindo Robinho, mas sim o Lucas na direita, o Neymar na esquerda e o Pato no meio.

Rafa

Pensando a comunicação

Ao longo dos últimos 3 meses, este blog foi nosso espaço para expor pontos de vista: nunca neutros, mas sempre nossos. Às vezes meus, às vezes do Rafa. Nem sempre concordamos, mas também nunca censuramos um ao outro: aqui foi nosso território do caos. Um caos que procuramos, no entanto, organizar um pouco. Senão não haveria comunicação. E olha que às vezes a nossa comunicação até falhou um pouco. Nada irremediável.

Passeamos por todos os assuntos que tivemos vontade: reflexões sobre como se formam nossas opiniões, sobre como nossas posições são vistas e interpretadas pelos outros, e principalmente sobre as nossas próprias opiniões: assuntos cotidianos, que nos afetam diretamente ou não, que nos deixam curiosos, ou que simplesmente nos dão vontade de opinar. Coisas que estão na boca do povo, ou só na nossa boca mesmo (ou melhor, na ponta dos nossos dedos). E até sobre coisas que, às vezes, nos deixam meio desnorteados. Enfim, sobre o caos do nosso dia a dia e das nossas reflexões mais comuns.

Faltou falar sobre muita coisa. Faltou tempo pra escrever sobre assuntos espinhosos. Mas vamos fazer aqui uma última tentativa: vamos falar um pouco sobre guerras. Claro, existem as guerras tradicionais, que todo mundo conhece: o massacre dos índios na América, as guerras mundiais, a guerra do Vietnã, a guerra no Afeganistão, é uma lista interminável. Mas existem guerras cujas armas, embora não matem, tem um poder (de construção e de destruição) enorme: as palavras. As guerras de discursos são extremamente comuns e até saudáveis: opiniões contra opiniões. O problema acontece quando algumas vozes conseguem alcançar mais ouvidos que outras, e aproveitam-se disso para apresentar seus pontos como sendo os da maioria, ou mesmo como sendo os mais certos. O pior é que as palavras disseminadas por estas poucas pessoas retumbam tanto e tantas vezes que, não raro, nos pegamos repetindo alguns discursos apenas porque eles foram ouvidos tantas vezes que passaram a soar como verdade. Mas existem opiniões mais certas que outras? Eu acho que as minhas são, mas isso também já foi discutido.

A internet possui um importante papel na democratização dos espaços de disseminação de discursos diferentes. Claro que isso implica em uma grande quantidade de lixo também. Mas qualquer pessoa pode abrir um blog e colocar lá sua opinião sobre o que bem entender. No entanto, o alcance deste tipo de iniciativa se restringe aos círculos de amigos mais próximos. Quando muito, atinge leitores que, na maioria das vezes, já concordam com sua linha de pensamento e gostam de ler seus textos pra sentir que as próprias vozes não estão ecoando sozinhas. Dificilmente alguém se convence pela eloqüência de um texto que está em um blog.

Enfim, os grandes meios de comunicação ainda são inacessíveis à grande maioria. Então com que propriedade uma pequena minoria se apropria da voz do povo como se fosse a sua própria? Pior, o fazem sem que esta maioria que eles pretensamente representam se de conta disso. São as contradições desta era da comunicação...

Mari





Legalização das drogas

Se você perdeu seu tempo de ler a chamada, aproveite pra ver se abre a sua mente para uma discussão necessária. Não vou fazer rodeios com você leitor. As drogas a que me refiro aqui não são as que você esperava. Não vim falar de legalização da maconha (até por que careta do jeito que sou, viria mais para discutir a criminalização do cigarro). Vim levantar a bola para a discussão da legalização do lobby no país.

Descobri, pra minha grata surpresa, que o lobby é legalizado em alguns países. O lobby é uma forma de grupos ou bancadas defenderem seus projetos e interesses em alguma instituição democrática. Mas, como pra tudo, existe sempre o jeitinho. Um presentinho aqui, uma chantagem ali, uma troca de favores e tudo certo.

Tudo certo? Que nada. Vamos agora instituir a corrupção? Muitos poderiam dizer que é uma atividade profissional e que existem bons e maus profissionais como em qualquer área. O problema é que a atividade já nasce com esse rótulo.

Seja das navegações do descobrimento, da moderna indústria farmacêutica ou de qualquer outro setor, o lobista sempre encontra uma maneira de aliar o interesse político-econômico de forma a fazê-lo parecer imprescindível para a nação. Pense na seguinte pergunta. O que você seria se aceitasse dinheiro para moldar sua opinião?
a)     Imbecil. Não possui opinião própria.
b)     Inteligente. Ganhou dinheiro sem ter trabalho algum.
c)     Corruptível. Sabe o que pensa, mas o bolso pesa mais.

Se você respondeu “a”, pensou com o coração, mas esqueceu do cérebro. É meio evidente que qualquer ostra possa mostrar opinião própria com tanta liberdade de expressão, o problema é a capacidade para fazê-lo com competência.

Se você marcou “b”, peço que mude de país, por favor, ou que pule de uma ponte. Ambas as saídas são bem-vindas (garanto até a festa de despedida).

Se você marcou “c”, os favores pedidos a “b” são extensíveis a você.

Se você não marcou nenhuma das alternativas, que bom, há esperança. Lute por ela.

Quando um escritor toma essa posição, como Boaventura faz em seu trabalho ao tentar defender as ações portuguesas na colonização do Brasil, mostra claramente estar vendido a uma ideia, ainda que clame fazê-lo por motivos de amor à nação. Tenho claro para mim que o autor estaria tendendo muito para a alternativa “c”. Mas pior mesmo é ter que agüentar a conversa de cão arrependido quando levanta algumas hipóteses sobre a origem do terremoto que atingiu Lisboa e as pragas na Europa. É o caos “mermão”, é o caos.

Vocês conseguem imaginar quem escreveu...

Novidades...

Todo dia uma novidade. Ovo faz bem. Ovo faz mal. Um copo de vinho previne infarto. Dois, te faz um alcoólatra. Tome bastante líquido, mas sem exagerar. Não coma carne vermelha, mas não se esqueça da proteína. Salada à vontade? Passo horas no banheiro se fizer isso...

Diante de tantas transformações e uma profusão alucinante de idéias e debates, decidi não mudar muito meus hábitos. Tento me controlar, mas não faço disso uma cruzada. Agradeço todo dia pelo porco. Este animal divino que transforma o vegetal em bacon. Tento comer salada, mesmo achando alface um troço sem graça. Couve-flor e brócolis até rola, espinafre já é pedir muito... tomate em pedaços não me desce bem, mas molho até passa. Não entendo como pode haver tantos vegetarianos... nunca um pedaço de mato vai ter mais sabor que uma boa picanha.

Disso tudo, algumas coisas eu aprendi. Não há alimentação saudável que cure sua falta de coragem para dar o próximo passo numa decisão importante. Não há salada que previna você de dizer alguma asneira ou eventualmente agir de forma estúpida. Melhor aprender a pedir desculpas nestas horas. Não há comida capaz de parar no estômago assistindo show de funk ou andando na montanha russa.

Dormir é uma dádiva. Dormiria mais se pudesse. Estou acima do peso, e isso me cria alguns problemas. Deveria caminhar mais, mas a preguiça impera neste sentido. Ler é bom, fertiliza a imaginação e aduba a vida. Ver um bom filme bem acompanhado não tem preço. Mas ultimamente tem sido com os amigos mesmo.

Não há exercício capaz de modificar o caráter. O melhor exercício para isso é sempre agir de acordo com a tua consciência e alinhar seus interesses com a mesma. Nunca haverá natação suficiente para limpar as dúvidas que carregamos, nem corrida capaz de afastar as mágoas e os receios que levamos no coração. Melhor viver a vida de frente e, eventualmente, quebrar a cara, do que passar desapercebido sem fazer diferença nenhuma.

Talvez Boaventura ainda tenha tempo de corrigir boa parte do que escreveu. Talvez seja de fato a forma como ele enxerga, e daí não há motivos para ele ter arrependimentos. Talvez o que os colonizadores fizeram precise de justificativa. Ou simplesmente pode ser encarado como parte do caos que transforma a vida, como decisões que são tomadas por aqueles cuja consciência não percebe como problema os atos descritos como cruéis, captam estes como uma necessidade para algo de finalidade maior, como Maquiavel. Afinal de contas, quem tem medo de matar, não pode ter medo de morrer.

Em tempo... quem sabe não vivo para ver o dia em que a vaca já vai dar leite achocolatado e o boi,  bife a parmegiana. Sonhar não tem preço.

Rafa

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