Pensando a comunicação

Ao longo dos últimos 3 meses, este blog foi nosso espaço para expor pontos de vista: nunca neutros, mas sempre nossos. Às vezes meus, às vezes do Rafa. Nem sempre concordamos, mas também nunca censuramos um ao outro: aqui foi nosso território do caos. Um caos que procuramos, no entanto, organizar um pouco. Senão não haveria comunicação. E olha que às vezes a nossa comunicação até falhou um pouco. Nada irremediável.

Passeamos por todos os assuntos que tivemos vontade: reflexões sobre como se formam nossas opiniões, sobre como nossas posições são vistas e interpretadas pelos outros, e principalmente sobre as nossas próprias opiniões: assuntos cotidianos, que nos afetam diretamente ou não, que nos deixam curiosos, ou que simplesmente nos dão vontade de opinar. Coisas que estão na boca do povo, ou só na nossa boca mesmo (ou melhor, na ponta dos nossos dedos). E até sobre coisas que, às vezes, nos deixam meio desnorteados. Enfim, sobre o caos do nosso dia a dia e das nossas reflexões mais comuns.

Faltou falar sobre muita coisa. Faltou tempo pra escrever sobre assuntos espinhosos. Mas vamos fazer aqui uma última tentativa: vamos falar um pouco sobre guerras. Claro, existem as guerras tradicionais, que todo mundo conhece: o massacre dos índios na América, as guerras mundiais, a guerra do Vietnã, a guerra no Afeganistão, é uma lista interminável. Mas existem guerras cujas armas, embora não matem, tem um poder (de construção e de destruição) enorme: as palavras. As guerras de discursos são extremamente comuns e até saudáveis: opiniões contra opiniões. O problema acontece quando algumas vozes conseguem alcançar mais ouvidos que outras, e aproveitam-se disso para apresentar seus pontos como sendo os da maioria, ou mesmo como sendo os mais certos. O pior é que as palavras disseminadas por estas poucas pessoas retumbam tanto e tantas vezes que, não raro, nos pegamos repetindo alguns discursos apenas porque eles foram ouvidos tantas vezes que passaram a soar como verdade. Mas existem opiniões mais certas que outras? Eu acho que as minhas são, mas isso também já foi discutido.

A internet possui um importante papel na democratização dos espaços de disseminação de discursos diferentes. Claro que isso implica em uma grande quantidade de lixo também. Mas qualquer pessoa pode abrir um blog e colocar lá sua opinião sobre o que bem entender. No entanto, o alcance deste tipo de iniciativa se restringe aos círculos de amigos mais próximos. Quando muito, atinge leitores que, na maioria das vezes, já concordam com sua linha de pensamento e gostam de ler seus textos pra sentir que as próprias vozes não estão ecoando sozinhas. Dificilmente alguém se convence pela eloqüência de um texto que está em um blog.

Enfim, os grandes meios de comunicação ainda são inacessíveis à grande maioria. Então com que propriedade uma pequena minoria se apropria da voz do povo como se fosse a sua própria? Pior, o fazem sem que esta maioria que eles pretensamente representam se de conta disso. São as contradições desta era da comunicação...

Mari





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